segunda-feira, 28 de março de 2011

Bem Querer.

Te deixo ir te querendo levar.
Em contradição,
Te deixo ir te querendo não mais querer
tanto quanto eu pude, um dia, te querer mais que somente um bem querer.
Muito querer, te querer, meu bem querer.

domingo, 27 de março de 2011

E se eu matasse alguém, aqui dentro de mim, em legítima defesa do coração?
Seria uma assassina de amor ou heroína de mim mesma?

sábado, 26 de março de 2011

Não me venha falar de cara metade.
Eu nasci completa. Não preciso de uma metade.
Não me venha falar de meias laranjas.
Eu nasci inteira. E tal qual, casca grossa e gostosa por dentro.
Eu sou por inteiro. Tenho boca, olhos, braços e pernas.
Não há o que completar. Não queira me completar.
Ninguém entende é que, na verdade, o que existe não é uma metade faltando,
e sim alguém que me adiciona: me enfeita.
Me pendura um sorriso nos lábios toda manhã,
pinga brilho nos meus olhos quando passa por mim,
me arrepia cada pêlo de cada membro a cada toque.
E ser enfeitada é a melhor parte.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O Quanto Eu Queria Não Querer.

Queria não saber
Sentir
Querer
Ter que mentir.
Queria esquecer
Fluir
Crescer
Poder sorrir.
Mas cada passo que dou me faz lembrar você.
Cada palavra proferida me faz sentir seu cheiro.
Cada vez que fecho os olhos caio dentro de você.
Cada mentira que conto me faz ouvir sua voz.
E nesse querer sem poder -sem dever-, violo meus próprios princípios.
Sou mais você do que eu mesma.
Transformo meus passos em corrida pra te ver. Já não sinto meus pés.
Transformo minhas palavras em versos brancos pra sentir teu perfume.
Vedo os olhos pra estar com você. Não sei mais por onde ando... acho que flutuo.
Transformo mentiras em verdades sujas. Tão sórdidas quanto o fim do nosso amor.
Minto pra mim mesma e pra todos a minha volta só pra te ouvir cantar.
Canção de ninar…
Tudo o que eu não quero é tudo o que me faz te querer.
Eu simplesmente não posso -não devo- te querer.
Mas eu te quero.
Eu me violo.
E te quero.
Tentei dormir
Não consegui
Rolei pro lado
E me perdi.
Te encontrei num pensamento tão profundo que até sonhei. De olhos abertos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sobre o céu e amor.

Não há nada mais bonito que o céu.
Só o amor.
Isso porque o amor consegue deixar o céu ainda mais bonito...

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Sobre margarina e amor.

Um casal acorda bem humorado, de cara limpa, se beija ainda na cama e troca risos entre os lençóis brancos. Ele traz o café. Mais risos. Eles se amam e o mundo lá fora pode esperar.
Sempre julguei ridículos os comerciais de margarina.
Mas então apareceu alguém e me mostrou que eles existem.
É você.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Chuva.

Estou agora dentro de um táxi escrevendo na caixa de mensagem do celular.
A urgência em desabafar talvez seja pra não voltar a chorar antes do portão de casa. Estou encharcada de chuva, essa chuva que caiu do nada. Era uma vez o sol, o cabelo escovado e os papéis dentro da bolsa. A roupa está colada no corpo e, dentro da sapatilha, mais água do que pé. Na verdade, em todo o meu corpo há mais água do que eu mesma. 
Essas gotas de chuva sujaram o meu corpo - e não lavaram a minha’lma como deveriam-. Ao mesmo tempo, escorregando pelo meu rosto, disfarçavam as lágrimas que se desenharam.
Essa chuva que caiu do nada me levou também você. Te vi escorrer por entre meus dedos e pingar no chão pouco a pouco.
No vidro do carro as gotas escorrem e no meu reflexo não sei diferenciá-las das lágrimas que inevitavelmente caíram…
A chuva parece ter diminuído lá fora, mas aqui dentro a tempestade só começou.

Irredutível.

adj. Aquilo que não se reduz nem se decompõe, que não cede.
Mas se até a palavra pode se reduzir em sílabas, por que logo eu não poderia?
Ir-re-du-tí-vel.
Ser de carne e osso dói um bocado...
Como se separa as sílabas do coração?

terça-feira, 22 de março de 2011

Angústia.

Acordei assustada com um barulho. Pensei ser ladrão - morar sozinha causa uma certa neurose-.
Levantei da cama bem devagar. Novamente o barulho. Caminhei até a porta onde colei o ouvido. O barulho. 
Mas, quanto mais silêncio eu ouvia do outro lado, mais força tinha o barulho.
E quanto mais eu tentava descobrir o que me atordoava, mais ficava perdida. Angústia… e o barulho.
Tomei coragem e abri a porta. No corredor, o barulho. A luz da sala, esquecida acesa, me revelou a tranquilidade da casa. Mas o barulho…
Entrei no banheiro. Luz. O barulho. Me olhei no espelho - e que medo de não ver só a mim-.
Lavei o rosto e, aí sim, a ficha caiu. Não era ladrão, não era ninguém. Não era nada, era tudo.
Era meu coração. Apenas meu coração batendo forte. Na verdade, gritando que estava ali. E eu me preocupando com o lado de fora…
O barulho…

Retórica.

Ontem ouvi:
Quando te atirarem uma pedra, jogue de volta rosas, flores. Uma hora o estoque de pedras dessa pessoa vai acabar e, quando você menos esperar, ela vai estar te atirando de volta as flores que você jogou.
Fiquei com uma pergunta engasgada.
“E se as minhas flores acabarem antes?”

Sou.

Sou apaixonada. Não pelo namorado ou pelos amigos. Não por chocolate ou comida italiana. As pessoas eu amo. Comida, eu como, e acabou.
Sou apaixonada pelo ato de observar. Acho que isso define bem o prazer que eu tenho em simplesmente olhar as coisas. Olhar o céu… se alguém me apresentar coisa mais linda que o céu, nem sei o que faço.
Na verdade, sei sim. Eu paro para observar.